Educação a distância avança, mas é preciso cuidado na escolha
O mais recente Censo da Educação Superior realizado pelo
Ministério da Educação (MEC) mostra que, nos últimos dez anos, o número de
matriculados em cursos de graduação a distância aumentou em mais de 15.000%. No
ano 2000, havia 5.287 inscritos em todo o Brasil. Em 2009, esse número pulou
para 838.125, uma trajetória histórica dos números de matrículas no EAD.
Apesar da educação a distância (EAD) em cursos de graduação ser um processo relativamente novo no Brasil, o ensinamento à distância é considerado uma modalidade antiga de educação. Para a professora de Educação, Comunicação e Tecnologia do campus Sorocaba da Universidade de São Carlos (Ufscar), Teresa Melo, que estudou o ensino semipresencial para a tese de doutorado em Ciências da Comunicação, as cartas bíblicas do apóstolo São Paulo foram os primeiros registros de educação a distância. “O objetivo das cartas era passar uma mensagem, um ensinamento. Aquilo já era educação a distância”, defende.
Apesar da educação a distância (EAD) em cursos de graduação ser um processo relativamente novo no Brasil, o ensinamento à distância é considerado uma modalidade antiga de educação. Para a professora de Educação, Comunicação e Tecnologia do campus Sorocaba da Universidade de São Carlos (Ufscar), Teresa Melo, que estudou o ensino semipresencial para a tese de doutorado em Ciências da Comunicação, as cartas bíblicas do apóstolo São Paulo foram os primeiros registros de educação a distância. “O objetivo das cartas era passar uma mensagem, um ensinamento. Aquilo já era educação a distância”, defende.
Com o passar dos anos, os mais variados meios
para passar as mensagens foram utilizados, desde correios, rádio e televisão.
Quando surge a internet e os meios digitais, as oportunidades de cursos à
distâncias explodem. “O Instituto Universal Brasileiro sobreviveu tanto tempo e
durante décadas formou tantos técnicos sem internet. Hoje ele se adaptou e
também usa plataformas digitais.”
Teresa acredita que, com a internet, a educação a
distância muda de status. “Antes, quem fazia não era valorizado. Hoje, as
pessoas acham bacana fazer um curso a distância. Mas, embora o ensino a
distância seja antigo, os meios de transmiti-lo são novos e mudam o tempo todo.
Cada vez que a tecnologia evolui, mudam as possibilidades.”
Educação democrática
Educação democrática
Para a especialista, não se trata de roubar o
espaço dos cursos presenciais tradicionais. A educação a distância é uma
alternativa e complementa a educação presencial tradicional. “Eu prefiro
acreditar que todas as tecnologias digitais venham somar e não substituir”.
Com o universo de cursos à distância, a educação
fica mais democrática, com a possibilidade de chegar a pessoas que não teriam
chance de outra maneira. “É uma educação cidadã. Além da qualidade, é necessário
trazer com ela a possibilidade de reflexão, de inserção social, de
seriedade.”
E não são apenas as distâncias que são
flexibilizadas. Além do espaço, os cursos trazem flexibilidade de horário, um
bem cada vez mais precioso na sociedade contemporânea. “Isso dá oportunidade
para muita gente que não teria oportunidade de estar presente num curso desses.
Só isso já é um grande fator positivo.”
Problemas
Problemas
Os mesmos problemas encontrados no ensino
presencial também são os que afetam a qualidade dos cursos a distância. Teresa
afirma que, independente da modalidade, o que importa é a seriedade com que a
atividade educacional é encarada. “Uma visão equivocada da educação, falta de
seriedade, mercantilização e massificação do ensino são os piores. Mas isso,
qualquer curso em qualquer instituição, ensinado por qualquer modalidade, pode
ser muito bom ou pode ser uma arapuca”, disse.
Além disso, outro ponto negativo do ensino a
distância é a perda de outras vivências acadêmicas, como a vida universitária,
por exemplo. “Há outras coisas que acontecem num espaço de ensino superior e que
vão além da sala de aula. As aprendizagens não se restringem ao momento de
ensino.”
Mas, mesmo assim, ela acredita no relacionamento
pessoal à distância. “Engana-se quem pensa que à distância não existe o calor, o
relacionamento pessoal. À distância, você pode conhecer muito bem uma pessoa sem
nunca ter visto. Você pode estabelecer relações de amizade duradouras e fortes
dessa maneira”, defende.
Profissional
Profissional
“A educação a distância não vai tirar o emprego
do professor”, afirma Teresa. Ela explica que, pelo contrário, até são
necessários mais profissionais de educação envolvidos. Apesar da falta de
estrutura física, a estrutura humana precisa ser maior para o ensino ser bem
feito. “A educação a distância séria tem uma equipe muito maior que a disciplina
presencial, inclusive com grupos multidisciplinares, como profissionais de
Tecnologia da Informação, que precisam estar afinados.”
Estudante
Estudante
De acordo com Teresa, o curso à distância depende
mais do aluno que o presencial, por cobrar uma disciplina maior do estudante.
“Flexibiliza tempo e espaço, mas exige uma disciplina de participação que
precisa ser muito rígida. E entender que, mesmo distante, ele não pode deixar
para depois, ele precisa estar o tempo todo ligado. Para o estudante, a
modalidade também é novidade.”
As pessoas que mais se interessam pela modalidade
são as que não possuem outras possibilidades no tempo ou no espaço. “Você pode
imaginar até aquele estudante que está na Amazônia, distante de um centro que
tenha uma universidade, como aquele que mora em São Paulo, mas não tem tempo
para poder cursar uma graduação presencial. O perfil do estudante é bastante
variado e também está sendo construído para entender as dificuldades da
participação de um curso presencial”, afirma.
Solução
Solução
Teresa defende uma modalidade híbrida e bem
estruturada como ideal para o ensino a distância. “Os cursos semipresenciais,
com encontros presenciais e parte à distância são uma solução”, diz.
A massificação também compromete qualquer tipo de
curso, de acordo com ela. Por isso, o ideal é que os cursos tenham no máximo 25
alunos por tutor. “A educação não pode ser uma estrutura de massa. No entanto,
algumas instituições não trabalham assim porque barateia o custo quando coloca
100, 120 alunos sobre responsabilidade de um profissional. Isso não é educação
séria, mas não é nem presencial nem à distância”.
Apesar de todas as qualidades dos cursos à
distância, Teresa destaca que ainda há questões a serem analisadas. “Existem
questões a se debater. O que dá para fazer à distância? Você consultaria um
médico que fez uma faculdade à distância? Há limites no processo e é preciso
pensar neles.”
Devido às discussões que ainda gera, a modalidade
de ensino à distância, para Teresa, não deve ser tão elogiada nem criticada
demais. “Depende de muito conhecimento, muito estudo, muita técnica e muita
sensibilidade. Por isso, não se pode satanizar o EAD e nem simplificar e louvar
demais. Ele não é o salvador da pátria, assim como as tecnologias digitais não
são as salvadoras da educação. Elas podem ajudar, mas se eu não pensar como
usá-las, não vão adiantar em nada”, finaliza.
Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul
Concordo com a solução indicada pela Professora Teresa de se utilizar de uma versão hibrida para garantir a qualidade desse compartilhamento do conhecimento.
ResponderExcluirHá porém que se observar que se estamos utilizando o EAD como uma forma de possibilitar o acesso ao conhecimento de pessoas que, pela distância, tempo ou questões financeiras, não teriam esse acesso, teríamos então a possibilidade de termos essa versão híbrida?
Minha sugestão é termos as três situações e,então, o aluno verificará qual delas melhor se enquadra em seu perfil.
Um abraço,
Concordo com a solução indicada pela Professora Teresa de se utilizar de uma versão hibrida para garantir a qualidade desse compartilhamento do conhecimento.
ResponderExcluirHá porém que se observar que se estamos utilizando o EAD como uma forma de possibilitar o acesso ao conhecimento de pessoas que, pela distância, tempo ou questões financeiras, não teriam esse acesso, teríamos então a possibilidade de termos essa versão híbrida?
Minha sugestão é termos as três situações e,então, o aluno verificará qual delas melhor se enquadra em seu perfil.
Concordo com a solução indicada pela Professora Teresa de se utilizar de uma versão hibrida para garantir a qualidade desse compartilhamento do conhecimento.
ResponderExcluirHá porém que se observar que se estamos utilizando o EAD como uma forma de possibilitar o acesso ao conhecimento de pessoas que, pela distância, tempo ou questões financeiras, não teriam esse acesso, teríamos então a possibilidade de termos essa versão híbrida?
Minha sugestão é termos as três situações e,então, o aluno verificará qual delas melhor se enquadra em seu perfil.